terça-feira, 31 de maio de 2011

Amizade: o outro lado da filosofia


            Você lerá neste artigo um esboço de um projeto maior, que terá o objetivo de mostrar a importância do filosofar nos dias de hoje, por incrível que pareça. É senso comum ouvirmos que a filosofia e os filósofos não são desse mundo e que habitam lugares além do humano. A frase mais conhecida é: os filósofos vivem numa torre de marfim, que designaria um mundo ou atmosfera onde intelectuais se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia. Como tal, tem uma conotação pejorativa, indicando uma desvinculação deliberada do mundo cotidiano.
            Pois bem. Isso não é verdade. Se não fosse os assuntos humanos a filosofia nem existiria. Sócrates andava pelas ruas de Atenas conversando com as pessoas abordando temas que tocavam diretamente a vida delas. Queria saber, conhecer e indagar sobre o que somos, como vivemos, o que é mais importante na vida, etc. Deste modo, o tipo de saber que buscava não era e nem estava distante das questões que colocamos a nós mesmos nos dias atuais. Na verdade, em Sócrates vemos uma prática do pensar que proporcionasse um tipo de sabedoria que conduzisse a algo prazeroso, porém sem desconsiderar o caráter dramático que é existir. E essa coisa boa pretendida poderia estar nas relações que travamos com os outros. Enfim, no diálogo que construímos com as pessoas, sem nenhum desmerecimento a alguém. É daí que emerge um novo modo de filosofar e, também, de viver.
            Filosofia é uma palavra grega originária de duas outras: philo (amizade, amor, respeito) e sóphos (saber, sabedoria). Vemos na história da filosofia um maior destaque ao sóphos, ao saber, ao conhecer teórico e contemplativo, daí a idéia de Torre de Marfim. Nem a idéia de sabedoria é evidenciada. Mas quero concluir com a primeira parte: philo, philia, amizade.
            É a amizade que nos aproxima mais ainda da realidade, dos assuntos humanos, pois nela revela-se a convivência, as olhadas, as escutas, os sabores que a vida na relação com o outro nos oferece. Se assim é, pensar deixar de ser algo meramente transcendente, mas que nos levaria a nos encostar nos odores, nas texturas, nas cores e nos paladares da existência, muitas vezes intraduzíveis e inenarráveis em palavras e conceitos. O filósofo apenas faz tentativas, apostas, aproximações, ao ponto de chegar a situações paradoxais e plenas de impasses, pois não pode e nem consegue compreender tudo sobre o que pensa.
            Olhando para nós hoje, falta-nos o tempo, a paciência e o cuidado de ir à praça pública, como Sócrates, para dialogar, pensar, fazer amigos, de maneira que modifique as nossas maneiras de ser e supere as individualidades, ou melhor, os individualismos que nos distancia e forma pessoas violentas, indiferentes, frias e quase desumanas.
            Assim, filosofar é também fazer amigos, é garantir um espaço público que nos transforme e nos abra para a convivência coletiva. A amizade, sem ignorar as tensões humanas, pode ser o caminho para novos modos de vida, para uma verdadeira vida filosófica. Filosofe!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A terceira dimensão da vida: riscos e perigos


É quase unânime entre os seres humanos querer dividir a vida e suas existências em dois lados: branco ou preto, bem ou mal, certo ou errado, etc. A finalidade é optar de maneira clara sobre o que devemos ou não devemos fazer. Sim ou não? É difícil responder categoricamente. Nós, os seres ditos humanos, precisamos compreender o caráter plural, diversificado, contraditório que é viver e existir. Heráclito, filósofo grego, que viveu antes de Sócrates, dizia que não tomamos banho duas vezes no mesmo rio. As águas mudam e nós mudamos também.
Portanto, há algo para além das margens dos rios. Se, naturalmente, são duas, que tal pensarmos numa terceira? Aquela que não é visível aos olhos. A tradição ocidental e cristã é marcada em dividir as coisas em duas partes: casal de animais na arca de Noé, Abel e Caim, Adão e Eva, etc. E hoje parece não ser diferente. Olhemos ao nosso redor e observemos o quanto agimos dessa maneira. Agimos dentro de uma normalidade e a partir de expectativas que queremos que se cumpram. Se não se cumprem, colocamos a culpa no acaso. E seguimos adiante até o próximo imprevisto.
De imprevistos em imprevistos deixamos de observar a terceira margem do rio, a terceira dimensão da vida. E onde está e quem é ela? Por incrível que pareça somos nós mesmos. Ao invés de nos fecharmos numa individualidade e num egoísmo enganador, podemos inventar, ser diferentes sempre. Somos dotados dessa capacidade. Como uma canoa no rio, podemos navegar de um lado a outro, realizando algo nunca feito antes.  
Um ser humano assim tem atitudes pouco comuns, atitudes surpreendentes, transgressão às regras sociais, atuação em acontecimentos não habituais, anormalidades físico-psíquicas. Solto solitariamente, o canoeiro, que somos nós, pode agir até com insensatez, porque daqui pouco já está enquadrado. Daí a necessidade de sair do normal posto e imposto. Temos que ser alguém que ouse desafiar as regras estabelecidas, que proponha o novo, o diferente, o inesperado.
Alegoricamente, o existir e o viver são como uma travessia em águas revoltas e até mesmo profundas, difíceis de compreender e decifrar.  Isso significa que a rivalidade – o um contra o outro, que dá dois - não é o melhor caminho. Um é pouco, dois é bom e três é ótimo, porque é a soma que soma sempre, que ultrapassa. É não ficar na mediocridade de um dualismo ressequido, semimorto e numa flagrante mesmice da vida comum.
No sertão da vida, o desafio é seguir pelas surpreendentes veredas e, como Riobaldo, reconhecer que “viver é muito perigoso” e que isso “carece de ter coragem”, como diagnostica Diadorim. Mas por que nos tornamos covardes e medrosos? Uma resposta pode estar em queremos fazer uma travessia serena, ter uma rota pré-traçada. No entanto, a vida parece ser uma travessia arriscada e fascinante, que por vezes amedronta, mas nos transporta para além de uma dualidade quase frustrante. Pensar num terceiro caminho, sem guias, mapas e roteiros, parece ser uma postura interessante nos dias hoje. Pelo menos como reflexão, é um bom começo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Depoimento da professora Amanda Gurgel

Hoje só quero compartilhar a explanação da professora Amanda Gurgel num evento com as autoridades. Percebe-se que a luta é longa mesmo e estou com ela.
O site é: http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A hipocrisia é humana

É muito difícil aceitar a falsidade, o esconde-esconde e o disfarce nas condutas das pessoas. Quem de nós já não experimentou atitudes dessa natureza em outras pessoas? É digno de indagação saber por que temos atitudes assim. Nascemos assim ou aprendemos com os outros? Essa é uma discussão que nos leva a refletir sobre o nosso caráter. Se assim é, devemos nos questionar sobre qual a possibilidade de ultrapassar esse tipo de comportamento. Não sabemos por onde começar.
Aristóteles nos ensina que somos formados de humores. A alegria, a tristeza, a indiferença e a melancolia são como que fluídos que percorrem o nosso corpo, repercutindo no nosso espírito.   As nossas ações e escolhas resultariam de um processo de equilíbrio entre esses humores. As paixões humanas e o nosso jeito de ser e de construir a nossa existência também são construídos a partir das nossas sensações e não vêm de uma instância transcendental. Isso significa que o homem  está diante de um mundo onde os valores e o sentido da vida parece que desapareceram. Todavia, ele tem a possibilidade de edificar situações agradáveis para se viver.
Neste sentido, podemos considerar inteligente o ser humano que em vez de desprezar este ou aquele semelhante é capaz de o examinar com olhar penetrante, de lhe sondar por assim dizer a alma e descobrir o que se encontra em todos os seus desvãos.
Sabemos que tudo no homem e no mundo se transforma com grande rapidez; num abrir e fechar de olhos, um terrível verme pode corroer-lhe as entranhas e devorar-lhe toda a sua substância vital, como dissera o escritor Nicolau Gogol. E tudo isso tem a ver com as paixões que nos constitui. Muitas vezes uma paixão, grande ou mesquinha pouco importa, nasce e cresce num indivíduo para melhor sorte, obrigando-o a esquecer os mais sagrados deveres, a procurar em ínfimas bagatelas a grandeza e a santidade. As paixões humanas não têm conta, são tantas, tantas, como as areias do mar, e todas, as mais vis como as mais nobres, começam por ser escravas do homem para depois o tiranizarem.
Está plena de sorte aquela pessoa que, possuída de paixões, sabe e tem a paciência de escolher a mais nobre e, com isso, garantir o aumento de sua felicidade de hora a hora, de minuto a minuto,penetrando mais e mais no ilimitado paraíso da sua alma. Tarefa difícil? Sim. Existem paixões cuja escolha não depende do homem: nascem com ele e não há força bastante para as repelir. Uma vontade superior as dirige, dotando-as de um poder de sedução que dura toda a vida, mas que podem contribuir misteriosamente para o bem do homem. No entanto, muitas vezes agimos em sentido contrário, mesmo conhecendo o que é o melhor. Ser hipócrita é uma dessas atitudes. Fingimento e simulação, expressões da hipocrisia, mostra o nosso caráter finito, incompleto e aberto.
            Nós somos dotados de carne, de osso e de hipocrisia, isto é, de uma característica intrínseca que denota impostura de virtudes e sentimentos onde não enxergamos em nós mesmos, mas percebemos de forma abundante em outrem. Somos bons juízes dos outros, mas temos dificuldades em nos olhar. Será vergonha? Sem pretender dar nenhuma lição de moral, fazer esse giro para dentro de nós mesmos é um desafio que nos atinge e nos provoca e que pode nos levar a um autoconhecimento e abrir a possibilidade de pelo menos não mentir para os outros e nem a si mesmo. É possível isso? Otimista, sim, iludido, não, mas é um bom exercício para darmos um sentido agradável à nossa existência. À tarefa!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Violência nas escolas

Não há dia que não encontremos notícias sobre atos e condutas violentas nas escolas. São de todas as ordens e tipos. Como personagens principais estão seres humanos. É díficil de acreditar, mas o lugar que deveria formar pessoas cidadãs tornou-se espaço para o preconceito, a discriminação e agressões verbais e físicas. Por isso que tenho defendido a presença de conteúdo sobre ética na formação dos professores, e isso na Universidade. Penso que assim daremos um passo importante para que os futuros professores compreendam melhor o universo humano, já cheio de contradições, heterogeneidades e dramaticidades. Quando há violência é porque está ausente a ética. As duas não combinam, porquanto a violência significa o desrespeito ao outro, que não pode ser tratado como objeto e uma mera coisa ou objeto, para satisfazer os nossos instintos mais primitivos e cruéis. Escreveremos mais sobre isso.

Só para ilustrar, veja essa notícia: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/05/16/escola-expulsa-11-alunos-por-bullying-em-votorantim-sp.jhtm

sábado, 14 de maio de 2011

Déficit de Atenção? Hiperatividade? O que é isso?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a indisciplina são na atualidade assuntos que aparecem com forte incidência no cotidiano escolar. Algumas condutas apresentadas pelas crianças, neste contexto, são vistas como indicativos de tal transtorno e isso vem contribuindo para que crianças ainda muito pequenas sejam encaminhadas pelos educadores aos profissionais da saúde, por apresentarem na escola comportamentos considerados indisciplinados, agitados e impulsivos. O livro que indico abaixo (pode ser feito download) tem como principal objetivo, discutir a relação entre indisciplina e o diagnóstico de TDAH, a partir da queixa do professor da educação infantil. Pretende ainda, analisar a postura dos educadores diante do processo de patologização no campo educacional, levando em conta a sociedade eugênica e disciplinar, que foi consolidada com o processo de higienização ocorrido no início do século XX, como também, construir uma reflexão crítica acerca das práticas sociais e educativas que ora se configuram, mediante a análise da educação contemporânea e do resgate histórico da escolarização no Brasil. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso qualitativo e as estratégias metodológicas empregadas para a coleta de dados incluíram a observação participante, entrevistas semiestruturadas, diário de campo e análise de documentos. Os resultados foram organizados em oito eixos temáticos e indicaram principalmente que os educadores apresentam dificuldades para estabelecer diferenças entre indisciplina e o TDAH e o que é normal e patológico, o que tem causado o aumento expressivo no número de encaminhamentos de crianças aos profissionais de saúde e a consequente patologização e medicalização da infância.

Saiba mais em: http://www.culturaacademica.com.br/titulo_view.asp?ID=97

A escravidão foi e é feita por humanos: assustador, não?


Nesta sexta-feira, 13 de maio, a abolição da escravatura no Brasil completou 123 anos. O dia foi marcado pela aprovação da Lei Áurea de 1888, assinada pela princesa Isabel. Contudo, as lutas dos negros pela liberdade, a pressão dos abolicionistas e a interferência internacional da Inglaterra foram os verdadeiros responsáveis pelo fim da escravidão no país.

Divulgação
Obra expõe questões que delineiam a própria história da humanidade
Obra expõe questões que delineiam a própria história da humanidade

Hoje, nos horrorizamos com a possibilidade de cecear a liberdade de outro ser humano, mas a prática é pré-histórica e muito comum desde os primórdios da humanidade. É virtualmente impossível --independente de suas origens-- que não exista um escravo, negro ou não, no rol de seus ancestrais.
A escravidão negra é relativamente recente em termos históricos. Antes disso, a cor da pele não era um fator decisivo. Os gregos e os romanos escravizavam os povos conquistados, muitos deles, de cabelo claro e olhos azuis.
Leia mais em:  http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/734339-bons-sentimentos-nao-bastam-diz-autor-sobre-a-escravidao.shtml

terça-feira, 10 de maio de 2011

Filosofia e Educação

Nesse vídeo procuro ressaltar algumas idéias sobre a relação entre a Filosofia e a Educação. Assista-o e dê a sua opinião.
http://www.youtube.com/watch?v=y4qllg7xLVo

Tudo é temporário

"Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da "liquidez" para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades "auto-evidentes".
O que aprendi com Borges? Acima de tudo, aprendi sobre os limites de certas ilusões humanas: sobre a futilidade de sonhos de precisão total, de exatidão absoluta, de conhecimento completo, de informação exaustiva sobre tudo; enfim, sobre as ambições humanas que, no final, se revelam ilusórias e nos mostram impotentes. Lembremos, por exemplo, do conto de Borges que fala sobre o mapa: o sonho do mapa exato que acaba ficando do mesmo tamanho da própria coisa mapeada e, portanto, sem nenhuma utilidade".
Entrevista com Zigmunt Bauman*

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A ética pode ser ensinada?

Vira e mexe essa pergunta surge na minha cabeça. Desde os gregos ela está presente nas discussões filosóficas. Cada um a sua maneira tenta entender o ser humano, não pelo viés da ciência, mas pelos valores que ele é portador. Ao tomarmos qualquer decisão em nossas vidas estamos pautados por valores, isto é, por aquilo que achamos mais importante em nossas vidas. Seguindo esse caminho, a ética é algo além de princípios e regras, mas também um exercício que realizamos todos os dias, como seres viventes que somos.
Você nesse momento está pensando em algo, e isto significa que daqui a pouco tomarás uma decisão. E nem percebemos isso, porque nos habituamos a nos comportar e a nos conduzir por valores que foram e estão incutidos em nós desde a tenra idade. Quem nos ensinou? Como aprendemos esses valores? Por que algumas pessoas são preconceituosas? E outras são democráticas e tolerantes? É biológico?
Enfim, o tema é instigante. Vamos continuar a pensar sobre isso. Espero que nunca tenhamos uma resposta definitiva.

A política e os políticos



            Quais os cargos que estiveram em disputa nas eleições do ano passado? Pergunta dessa natureza se for feita aos brasileiros, uma grande parte deles terá dificuldade em respondê-la acertadamente. Isso é sintoma de que é preciso tratar a política com mais seriedade. No entanto, a prática nos mostra uma situação desfavorável nesse sentido. As pessoas demonstram um desinteresse, ou melhor, uma apatia em relação à política, considerando-a reservada apenas aos políticos. E é aí que está o maior dos equívocos.
            As notícias que temos visto, lido, são desanimadoras e com isso aprofunda-se a distância que existe entre os interesses e os problemas das pessoas e sua relação com o mundo da política. Parece haver um fosso entre o que os políticos fazem e o que as pessoas desejam.
            A política parece ter sido privatizada. A palavra política tem sua origem no termo grego polis e era o modelo das antigas cidades gregas. Devido às suas características, o termo pode ser usado como sinônimo de cidade, isto é, um modo de vida urbano que seria a base da civilização ocidental, que mostra um elemento fundamental na constituição da cultura grega, a ponto de se dizer que o homem é um "animal político".
            Emerge dessa definição o caráter público que reveste a política. Nas relações que estabelecemos com os outros exercitamos a política. De certa maneira, todos nós fazemos política no nosso cotidiano, mas muitas vezes achamos que ela é reservada a uns poucos: os políticos. Não é.
            Todavia, temos visto a apropriação da política pelos políticos. Eles tornam-se os únicos possuidores dos rumos de uma cidade, de um estado ou de uma nação. O interesse público é aniquilado, sendo substituído pelo interesses particulares. A grande maioria das pessoas não se vê representada nas ações dos políticos. Conseqüência: aversão, conformismo e ignorância em relação à política do país. E qual o preço a pagar diante disso tudo? Resposta: o sofrimento humano. Um sofrimento que decorre de malfeitos políticos e que constitui o supremo obstáculo à sanidade política.
            Corrupção, desvio de dinheiro, superfaturamento de obras, etc,  são ações que indicam os políticos tratam a coisa pública como um negócio privado. Os poderes mais poderosos fluem e flutuam e as decisões mais decisivas são tomadas num espaço distante do público.
            O pior dos males é quando nos conformamos e nos tornamos apáticos, e isso serve para qualquer dimensão da vida humana. Talvez o problema com a nossa civilização é que ela parou de se questionar. Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar ou deixa que essa arte caia em desuso pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem.Está na hora de tomarmos a história em nossas mãos para não sermos massa de manobras e objetos a serviço de interesses escusos e egoísticos. A pobreza, a fome e todo sofrimento humano podem ter as suas causas na conduta malévola de muitos políticos. Salvemos a política dos políticos! Votar certo já é um bom começo. Não venda seu voto!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

União de casais do mesmo sexo

No momento em que estou escrevendo esse pequeno texto o Supremo Tribunal Federal está aprovando a união de casais do mesmo sexo. A partir de agora haverá uma equiparação da união gay/lésbica com aquela entre um homem e uma mulher, com os mesmos direitos e deveres --sem nenhuma restrição. Creio que é uma vitória para a sociedade brasileira. É uma derrota do preconceito e da discriminação. Há tempos que venho pensando que a maioria do povo brasileiro estava amadurecendo o tema. Os fatos cotidianos indicavam uma direção muito favorável, visto que muitos casais conviviam há um bocado de ano anos juntos, construíram uma vida, sobretudo patrimonial, e na hora da morte de um deles ou uma delas, a família, que por muito tempo discordava da união, queria tomar posse dos bens.
Penso que agora iremos aprofundar as transformações da noção de família, seja do ponto de vista jurídico bem como social. Sou otimista de que vamos abrir a possibilidade para muitos homens e mulheres deixarem de sofrer e de se esconderem, com medo da violência de qualquer natureza que pode cair sobre eles ou elas. 
Para dar a sua opinião a respeito, acesse:  http://www.conversaafiada.com.br/nao-e-sim-com-pha/

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para que servem os vereadores?

Embora eu não vá discutir a questão agora, apresento uma posição - a do PT - para ilustrar que o debate vai longe. Afinal, os políticos podem definir as leis da política? Ou quem os escolhe? Leiam o texto abaixo, e debatemos depois.

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REFORMA POLÍTICA PARA UM BRASIL MAIS DEMOCRÁTICO
Pela terceira vez na última década, o Congresso Nacional coloca agora em pauta a discussão da reforma do sistema político e eleitoral brasileiro. A conjuntura atual levanta a possibilidade de que a reforma política possa ter alguns avanços significativos. São sinais disso: os resultados favoráveis da Comissão Especial de Reforma Política no Senado, as perspectivas promissoras da Comissão Especial na Câmara, as articulações de partidos de esquerda e centro-esquerda, as movimentações nos outros partidos, as manifestações de entidades, movimentos e personalidades influentes na sociedade, a disposição do companheiro Lula de se dedicar intensamente ao tema.
O atual sistema contém virtudes que precisam ser preservadas, entre elas o sistema de proporcionalidade nas eleições parlamentares, o voto obrigatório, a ausência de cláusula de barreira. Possui distorções que precisam ser corrigidas, entre elas a sub-representação de mulheres, de negros e de outros largos segmentos da sociedade; o enfraquecimento dos partidos políticos; as distorções na representação popular no plano federativo que não atendem ao princípio de “uma pessoa, um voto”; a falta de limitação do número de mandatos legislativos; a atribuição de câmara revisora em todas as questões ao Senado; o excessivo tempo de mandato e de número de senadores por estado e a forma de eleição de seus suplentes. Possui vícios que precisam ser eliminados, como o financiamento privado que superpotencializa a influência do grande capital na política e que favorece a corrupção.
O Diretório Nacional do PT entende que devem, o partido e suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, concentrar-se especialmente na defesa: do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais; do voto em lista partidária preordenada no sistema proporcional, garantindo a representação paritária das mulheres e objetivando o recorte étnico-racial; da fidelidade partidária; das medidas que promovam e facilitem a participação popular no processo político, como as leis de iniciativa popular, plebiscitos, referendos, a institucionalização de conselhos, conferências, orçamentos participativos.
A Comissão Executiva Nacional e as Bancadas na Câmara e no Senado ficam mandatadas para monitorar as negociações partidárias, as mediações parlamentares, e as decisões necessárias à conquista dos maiores avanços possíveis nesta conjuntura. O Diretório Nacional orienta a Comissão Executiva Nacional, suas bancadas no Congresso, e a Fundação Perseu Abramo, a formar uma Comissão Nacional do PT pela Reforma Política, que deverá auxiliar, para este objetivo, na articulação de todas as frentes de ação do nosso partido, na relação com os outros partidos e forças sociais, com a presidenta Dilma, e com o ex-presidente Lula.
É condição para o êxito desta reforma a mobilização de todas as forças que buscam o aprimoramento da democracia brasileira. O PT contribuirá neste sentido organizando eventos pela reforma nos estados e municípios, preferencialmente em ação conjunta com outras forças políticas e sociais. O Diretório Nacional recomenda a todos os diretórios estaduais, municipais, zonais e aos setoriais do partido que realizem debates e organizem em seu âmbito a campanha sobre a reforma política que queremos, e recomenda a seus filiados que participem dos debates que serão realizados nos estados pela comissão especial de reforma política da Câmara dos Deputados. Os parlamentares do PT em todos os níveis, as lideranças partidárias na sociedade, os articulistas nas diversas mídias, com destaque para as redes sociais na internet, dedicarão ao tema pronunciamentos e manifestações. Atenção especial será dada às articulações com as centrais sindicais, com as entidades que participam da Coordenação dos Movimentos Sociais, com as organizações de mulheres, da juventude, de combate ao racismo. Nossa meta é que seja criado na sociedade um forte movimento popular que desemboque em manifestações públicas pelo país, ao mesmo tempo em que se desenvolvam as articulações e os consensos possíveis com as bancadas parlamentares na Câmara e no Senado, com os partidos políticos, com as fundações destes partidos.
Devemos também neste momento repudiar as tentativas de retrocesso em nosso sistema político e eleitoral, como aquelas que propõem o distritão e o sistema distrital, que são formas de exaltar individualidades, enfraquecendo os partidos, ou de encarecer ainda mais as campanhas eleitorais.
Mais que antes, as condições são favoráveis para, com esta reforma, conquistar avanços na democracia brasileira.

Diretório Nacional do PTBrasília, 30 de abril de 2011.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Marília não merece isso

Marília é um município com uma área de 1.170.054 km², com uma população de 216.684 habitantes, com um PIB per capta de R$ 13.679,94. Pois é. Embora seja essa cidade pujante, o que vemos é um pobreza completa em suas perspectivas. Como foi possível chegarmos  a uma situação em que não temos onde colocarmos o nosso lixo?  E pior: não se tem politica ou projeto de tratamento. Agora temos que pagar quase 600 mil reais mensais para depositar o lixo em outra cidade. Isso é uma vergonha nacional. É inacreditável e uma falta de responsabilidade tremenda.
Diante disso, o que cabe a cada um nós é tomarmos consciência da importância que é ter uma administração comprometida com o meio ambiente, pensando a cidade a longo prazo e não apenas com ações mesquinhas que visam apenas as próximas eleições. Aos cidadãos de Marília é exigido uma resposta mais profunda de tal maneira que coloquemos a cidade no lugar que ela merece. Felizmente, tudo isso só depende de nós. Portanto, vamos nos mobilizar e nos preparar para a mudança. Marília merece uma coisa melhor. Bem melhor!

Em breve: os prováveis candidatos a prefeito de Marília

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama X Obama

Mais uma dos EUA. Passa presidente, vem presidente, e os caras conseguem conduzir as coisas de maneira bem pensada. Sempre o mesmo filme, as mesmas cenas, enfim, o mesmo roteiro. E "nós" ficamos aqui torcendo. O inimigo deles é o nosso inimigo,  embora o terrorismo seja abominável. Não tem santo nessa história. Essa atitude de achar que de um lado há os vilões e de outro há os heróis, é preciso ser pensada melhor. Sinceramente, eu fico muito confuso  nessa confusão toda.  Vamos aguardar os desdobramentos para vermos se alguma luz é lançada sobre os fatos. Mas antecipo: coisa boa não vai sair disso não. O que acham?

domingo, 1 de maio de 2011

A origem do Dia do Trabalho

O Dia do Trabalho, comemorado no Brasil com o feriado de primeiro de maio, teve origem em um movimento ocorrido em 1886, em Chicago.

Nesta data do ano de 1886 nada menos que 200 mil trabalhadores, organizados pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, fizeram uma greve geral em Chicago, reivindicando a limitação da jornada de trabalho a oito horas diárias.
Nos dias seguintes à manifestação aconteceram outros protestos, que reuniram centenas de milhares de pessoas e originaram mortes causadas pela polícia enquanto tentava reprimir os protestantes. A de 4 de maio, chamada de Revolta de Haymarket, entrou para a história também como um dos eventos originários do Dia do Trabalho.
Nos anos subseqüentes, outros movimentos escolheram o primeiro de maio para se lançar, homenageando os revoltosos de Chicago. Dessa forma, a data foi se consolidando como um marco para trabalhadores de várias partes do mundo.
Em 1890, houve uma nova greve para estender a jornada de oito horas para todos os locais dos Estados Unidos. Também em primeiro de maio desse ano a data foi comemorada pela primeira vez em âmbito mundial, por indicação da liderança socialista internacional. Somente cinco anos depois a ocasião seria celebrada pela primeira vez no Brasil, em Santos, São Paulo, por iniciativa do Centro Socialista.
Grandes manifestações marcaram o primeiro de maio dos anos de

– quando, na França, houve repressão policial em Fourmies deixando 7 mortos e 30 feridos; 1903 – ocasião em que, no Rio de Janeiro, uma passeata reuniu 20 mil participantes; 1919 – quando 50 mil protestaram no Rio de Janeiro por influência da Revolução Russa; 1980 – quando 120 mil grevistas protestaram no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.
Comemorou-se a ocasião no Brasil, pela primeira vez, em 1895, na sede do Centro Socialista em Santos. O feriado nacional foi oficializado graças a dois fatores: um projeto de lei do deputado Sampaio Ferraz aprovado no Congresso em 1902 e a lei 662, surgida em 1949.
Até o governo Vargas, o Dia do Trabalho foi considerado uma ocasião propícia a passeatas e protestos, pensamento que tinha como base os movimentos anarquista e comunista. Quando o trabalhismo passou a ser disseminado por Getúlio, a data começou a ser celebrada com festas e desfiles, como acontece até hoje.
Apesar de o primeiro de maio ser comemorado em muitos países, sendo feriado nacional em grande parte deles, há variações significativas de datas.
Nos Estados Unidos o dia primeiro, May Day, é reconhecido como a data comemorada pelos socialistas e comunistas. No entanto, não é quando se celebra oficialmente o Dia do Trabalho porque, procurando justamente dissociar a conquista dos trabalhadores desses movimentos, escolheu-se a primeira segunda-feira de setembro para o feriado nacional – oficializado pelo Congresso em 1894. A data foi escolhida por homenagear trabalhadores que se manifestaram nessa mesma época, dos anos de 1882 e 1884, em favor de sua classe, em Nova Iorque.
Na Austrália comemora-se em quatro dias diferentes: 4 de Março na Austrália ocidental, 11 de Março no estado de Vitória, 6 de Maio em Queensland e Território do Norte e 7 de Outubro em Canberra, Nova Gales do Sul (Sidney) e na Austrália meridional. Na Inglaterra o feriado é no primeiro domingo após o primeiro de maio; no Japão, em 23 de setembro; na Espanha, em 18 de julho; e na Nova Zelândia, em 18 de outubro.