terça-feira, 22 de maio de 2012

Por que votar 13? Por que votar PT?, por Dr. Carlos Rodrigues



Vocês tem sentido a vida melhorar? Encontram-se mais otimistas?
É porque o Brasil melhorou, e nós melhoramos juntos.
Diziam-nos antigamente que era preciso crescer o bolo, para então dividir. Era mentira... poucos ficaram com um pedaço.
Nós estamos dividindo, enquanto fazemos o bolo crescer.
Explicaram que era porque o mundo todo estava melhorando, por isso o Brasil estaria melhor...., mas não parece verdade.
Existe um grande crise lá fora...., os outros países estão “quebrando”, e nós vamos seguindo cada vez melhor.
Você já pensou nisso?
A verdadeira explicação é que desde 2002, com o início do governo Lula, iniciamos um país para todos e colocamos o estado na direção da melhora da vida de toda a população. Essa política tem se mantido no governo da presidenta Dilma, que afirmou que país rico é país sem pobreza.
De forma que quando você vê seu salário comprar cada vez mais, tem dificuldade de encontrar pessoas que toquem a reforma na sua casa, pois todos estão muito ocupados, trabalhando muito; compra seu primeiro carro ou o troca por um novo; pela primeira vez pôde fazer aquela viagem, de lazer, ficando em hotéis, andando de avião....não pense que isso tudo caiu dos céus não.... isso é resultado de políticas de distribuição de renda e de justiça social, liderados pelo Partido dos Trabalhadores e seus políticos e técnicos.
Para conseguir melhorar sua vida, foi preciso um monte de iniciativas alinhadas, como por exemplo:
  1. Os programas de renda mínima ou cidadã, que dá a você, muito pobre, uma ajuda para a manutenção de seus filhos na escola, tornando desnecessário que você o tire da escola para trabalhar e ajudar em casa. Assim, com mais estudo, futuramente conseguirá um emprego melhor e manterá sua futura família com menos dificuldade.
  2. A recuperação do poder de compra (aumento) do valor do salário mínimo, com o controle da inflação, fazendo com que você possa levar mais mantimentos para casa e melhorar seu orçamento doméstico. Em 10 anos o aumento salário mínimo acima da inflação foi de 66%.
  3. O emprego com carteira assinada, então, cresceu como nunca. Só em 2011 foram cerca de 2.350.000 novos empregos e o desemprego despencou, e nunca esteve em faixa tão baixa (menos de 5% da população ativa).
  4. Temos hoje no país cerca de 30.000 equipes de saúde da família, contribuindo para a manutenção de sua saúde e de sua família, ali, onde vocês moram.
  5. Os remédios para a hipertensão e diabetes, não se compram mais. Você pode os pegar de graça nas farmácias populares, além de um monte de outros muito utilizados a custos baixíssimos.
  6. Se você tem, no entanto, uma doença mais séria, cujo tratamento é muito caro, saiba que para a maioria delas o governo federal disponibiliza a medicação, cujo custo, na maior parte das vezes supera muitas vezes seu salário.
  7. As vacinas para as doenças infecciosas mais comuns, não tem faltado, mas agora começamos a oferecer também aquelas para doenças mais sérias que só eram disponíveis em clínicas particulares, como meningites, pneumonias ou hepatites.
  8. É pouco?...Querem mais? Então vai:
  9. Na educação básica, garantimos escola completa para seus filhos, com merenda e tudo. Na Universidade, nunca se abriu tantas vagas nos cursos tecnológicos e nas Universidades Federais, justo nas regiões mais pobres e necessitadas. Se você não tem, no entanto, uma delas perto de você, saiba que com o FIES ou o PROUNI, mecanismos de financiamento para alunos carentes, seus filhos poderão estudar em escolas particulares e só pagarem depois de formado, com uma longa carência e juros baixos.
  10. Tem ainda o “Nossa casa, Nossa vida”, tem o Plano de Aceleração do Crescimento que com suas obras, dão emprego com carteira assinada a todos os brasileiros.
  11. Finalmente, estamos agora numa queda de braço com os bancos, para abaixar ainda mais os juros, o que vai ser o arranque que faltava para transformar muito de vocês em micro empreendedores, em donos de seus próprios narizes.
Muitas dessas boas notícias acontecem Brasil afora, mas não em Marília, pois os políticos que sempre ocuparam a Prefeitura estiveram muito pouco preocupados com o que poderia nos beneficiar a todos.
Recentemente, com a renúncia de mais um governante corrupto, envolvido em desvio de recurso da merenda escolar, entre outros, o Partido dos Trabalhadores assumiu a prefeitura de Marília, com o prefeito Ticiano Tófolli, com o compromisso de bem governá-la e saneá-la, e é o que estamos fazendo.
Ajude-nos, com seu apoio e seu voto, a trazer todas essas políticas que beneficiaram milhões de brasileiros, também para Marília, todos merecemos.
Filie-se ao PT.
Vote 13 nas próximas eleições. Vote 13.

Autor: Dr. Carlos Rodrigues. Médico, professor da FAMEMA e filiado ao PT.
Marília - SP

sábado, 12 de maio de 2012

O que é Ética?

A área da filosofia que estuda o comportamento humano

A palavra ética se origina do termo grego ethos, que significa "modo de ser", "caráter", "costume", "comportamento". De fato, a ética é o estudo desses aspectos do ser humano: por um lado, procurando descobrir o que está por trás do nosso modo de ser e de agir; por outro, procurando estabelecer as maneiras mais convenientes de sermos e agirmos. Assim, pode-se dizer que a ética trata do que é "bom" e do que é "mau" para nós.
Bom e mau, ou melhor, Bem e Mal, entretanto, são valores que não apresentam, para o ser humano, um caráter absoluto. Ao longo dos tempos, nas mais diversas civilizações, várias interpretações serão dadas a essas duas noções. A ética acompanha esse desenvolvimento histórico, para que isso sirva de base para uma reflexão sobre como ser ético no tempo presente. 
Considera também como esses valores se aplicam no relacionamento interpessoal, pois a noção de um modo correto de se comportar e posicionar na vida pressupõe que isso seja feito para que cada um conviva em harmonia com os outros. A ética, portanto, trata de convivência entre seres humanos na sociedade. Num sentido mais restrito, ela se restringe às relações pessoais de cada um. Num sentido mais amplo - já que ninguém vive numa pequena comunidade isolada -, ela se relaciona com a política - da cidade, do país e do mundo. Nesse sentido, ela é possivelmente a área mais prática da filosofia. 
Mas, antes de mais nada, qual o significado da palavra ética, em termos filosóficos? 
O filósofo contemporâneo espanhol Fernando Savater apresenta uma resposta para essa questão em termos muito simples, num livro intituladoÉtica para meu filho, da Editora Martins Fontes. Como diz o título, ele escreveu com o intuito de explicar a questão para o seu filho adolescente. A seguir, você pode ler um breve trecho da resposta de Savater para a questão "o que é ética?". Esse é um excelente ponto de partida para você pensar no assunto: 
“Há ciências que estudamos por simples interesse de saber coisas novas; outras, para adquirir uma habilidade que nos permita fazer ou utilizar alguma coisa; a maioria, para conseguir um trabalho e ganhar a vida com ele. Se não sentirmos curiosidade nem necessidade de realizar esses estudos, poderemos prescindir deles tranqüilamente. Há uma infinidade de conhecimentos muito interessantes mas sem os quais podemos nos arranjar muito bem para viver. Eu, por exemplo, lamento muito não ter nem idéia de astrofísica ou de marcenaria, que dão tanta satisfação a outras pessoas, embora essa ignorância nunca me tenha impedido de ir sobrevivendo até hoje. E você, se não me engano, conhece as regras do futebol mas é bem fraco em beisebol. Não tem maior importância, você desfruta os campeonatos mundiais, dispensa olimpicamente a liga americana e todo o mundo sai satisfeito.

O que eu quero dizer é que certas coisas a pessoa pode aprender ou não, conforme sua vontade. Como ninguém é capaz de saber tudo, o remédio é escolher e aceitar com humildade o muito que ignoramos. É possível viver sem saber astrofísica, marcenaria, futebol e até mesmo sem saber ler e escrever: vive-se pior, decerto, mas vive- se. No entanto, há outras coisas que é preciso saber porque, por assim dizer, são fundamentais para nossa vida. E preciso saber, por exemplo, que saltar de uma varanda do sexto andar não é bom para a saúde; ou que uma dieta de pregos (perdoem-me os faquires!) e ácido prússico não nos permitirá chegar à velhice. Também não é aconselhável ignorar que, se dermos um safanão no vizinho cada vez que cruzarmos com ele, mais cedo ou mais tarde haverá conseqüências muito desagradáveis. Pequenezas desse tipo são importantes. Podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos deixam viver.

Em resumo, entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um imprescindível: o de que certas coisas nos convêm e outras não. Certos alimentos não nos convêm, assim como certos comportamentos e certas atitudes. Quero dizer, é claro, que não nos convêm se desejamos continuar vivendo. Se alguém quiser arrebentar-se o quanto antes, beber lixívia poderá ser muito adequado, ou também cercar-se do maior número possível de inimigos. Mas, de momento, vamos supor que preferimos viver, deixando de lado, por enquanto, os respeitáveis gostos do suicida. Assim, há coisas que nos convêm, e o que nos convém costumamos dizer que é “bom”, pois nos cai bem; outras, em compensação, não nos convêm, caem-nos muito mal, e o que não nos convém dizemos que é “mau”. Saber o que nos convém, ou seja, distinguir entre o bom e o mau, é um conhecimento que todos nós tentamos adquirir – todos, sem exceção – pela compensação que nos traz.
Como afirmei antes, há coisas boas e más para a saúde: é necessário saber o que devemos comer, ou que o fogo às vezes aquece e outras vezes queima, ou ainda que a água pode matar a sede e também nos afogar. No entanto, às vezes as coisas não são tão simples: certas drogas, por exemplo, aumentam nossa energia ou produzem sensações agradáveis, mas seu abuso contínuo pode ser nocivo. Em alguns aspectos são boas, mas em outros são más: elas nos convêm e ao mesmo tempo não nos convêm. No terreno das relações humanas, essas ambigüidades ocorrem com maior freqüência ainda. A mentira é, em geral, algo mau, porque destrói a confiança na palavra – e todos nós precisamos falar para viver em sociedade – e provoca inimizade entre as pessoas; mas às vezes pode parecer útil ou benéfico mentir para obter alguma vantagem, ou até para fazer um favor a alguém. Por exemplo, é melhor dizer ao doente de câncer incurável a verdade sobre seu estado, ou deve-se enganá-lo para que ele viva suas últimas horas sem angústia? A mentira não nos convém, é má, mas às vezes parece acabar sendo boa. Procurar briga com os outros, como já dissemos, em geral é inconveniente, mas devemos consentir que violentem uma garota diante de nós sem interferir, sob pretexto de não nos metermos em confusão? Por outro lado, quem sempre diz a verdade – doa a quem doer – costuma colher a antipatia de todo o mundo; e quem interfere ao estilo Indiana Jones para salvar a garota agredida tem maior probabilidade de arrebentar a cabeça do que quem segue para casa assobiando. O que é mau às vezes parece ser mais ou menos bom e o que é bom tem, em certas ocasiões, aparência de mau. Haja confusão!
[...]
Resumindo: ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e as formigas. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, é o que se chama de ética.”

("Ética para meu filho", Fernando Savater, Editora Martins Fontes)

Antes de seguir adiante, porém, vale recordar o que foi dito no início deste texto: a Ética não serve de base somente às relações humanas mais próximas. Ela também trata das relações sociais dos homens, na medida em que alguns filósofos consideram a etica como a base do direito ou da justiça, isto é, das leis que regulam a convivência entre todos os membros de uma sociedade. 
O filósofo alemão Leibniz (1646-1716) considera que o direito e as leis decorrem de três preceitos morais básicos: 


  • Não prejudicar ninguém; 
  • Atribuir a cada um o que lhe é devido; 
  • Viver honestamente.
    Ou seja, a ética orienta também o ordenamento jurídico e/ou legal das nações. Por conseguinte, orienta também a política. Quando a política não é pautada pela ética ocorrem os escândalos e os crimes que os brasileiros presenciam a cada ano nos Poderes Executivo e Legislativo do nosso país. 
  • segunda-feira, 7 de maio de 2012

    A terapia e nosso tempo



     
    Na atualidade há uma sensação de que as pessoas estão procurando em maior quantidade os consultórios de psicólogos, psiquiatras e outras terapeutas. Parece que elas não estão conseguindo suportar sozinhas os problemas que lhes afligem nos seus cotidianos. Estresses, relacionamentos familiares e no trabalho, angústias, ansiedades, depressões e perturbações de todas as ordens, tem trazido incômodos, desconfortos e desequilíbrios. Mas como anda o tratamento para esses problemas?
    Na entrevista abaixo, o psicoterapeuta norteamericano nos alerta sobre o papel que os profissionais da psique humana tem desempenhado no tratamento de seus pacientes. Para ele, a maioria dos pacientes precisaria apenas de poucas semanas de tratamento para enfrentar e resolver os seus problemas. No entanto, o que se vê são inúmeras sessões que não levam a lugar nenhum, sem finalidades, não passando de exclusivos momentos de desabafo.
    É verdade que não são possíveis soluções mágicas a problemas que tem suas origens desde longa data. E mais. Há problemas que estão incrustados em nosso existir que quase acreditamos que nasceram conosco, como um braço, uma perna, etc. Cada dia nos defrontamos com situações que nos tira de nós mesmos. A velocidade do nosso tempo não nos dá possibilidade de nos ocupar com mais cuidado da construção de uma vida saudável. Mesmo sabendo que as honras, as riquezas, o prestígio, o poder, etc, não nos traz felicidade, é difícil encontrar alguém que não dedique o seu dia a querer satisfazer os seus desejos. Fugir da dor e buscar o prazer parece dois lados que se combinam e orientam as nossas ações.
    Como colocamos como meta de nossas vidas essa suposta felicidade, causando, como decorrência, a frustração, queremos encontrar um remédio que nos cure imediatamente. Alguns se dirigem às igrejas e outros vão aos terapeutas. No caso da terapia, como diz o psicoterapeuta acima citado, quando ela não está melhorando, o melhor é abandonar, pois há uma diferença entre se sentir bem e de fato melhorar. Diz ele: “se você vai à terapia semanalmente há anos e não vê nenhuma melhora, saia fora”.
    Todavia, é preciso ressaltar que essa discussão tem sua importância, mas o que vale mesmo a pena é pensar e tentar compreender o que se passa com a vida humana na atualidade. Quais são as causas dos problemas que nos atingem diariamente? Olhe para si mesmo e observe que experiências de vida feliz você teve hoje, ontem, etc. A sensação que dá é de que sempre nos falta algo, ou não é verdade? Se terminamos uma tarefa aqui, logo surge uma necessidade acolá. E assim vamos passando o tempo como no mito Sísifo. Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses.
    Embora nós mortais tenhamos a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-nos nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, isso é feito na maior da parte das vezes de maneira repetitiva e monótona. E pelo jeito não há terapia que dê conta mesmo. O que nos resta, talvez, é construir uma maneira de viver baseada na virilidade, no heroísmo e na resistência. Estamos ou somos preparados para isso? A pensar!

    Psicoterapia deve ter metas e não se estender por anos

    Terapeuta dos EUA causa polêmica ao defender que a maioria dos pacientes precisa só de poucas semanas de tratamento e que terapia deve ter objetivos para não ser um "desabafo" 

    Há 15 dias, o psicoterapeuta americano Jonathan Alpert mexeu com os brios dos colegas ao publicar um artigo no "New York Times" em que questionava a eficácia de tratamentos de longo prazo.

    Citava um estudo de 2010 no "American Journal of Psychiatric" para dizer que só 10% dos pacientes fazem mais de 20 sessões e um de 2006 no "Journal of Consulting and Clinical Psychology" para afirmar que o progresso cai de 88% para 62% após a 12ª sessão. Culpava os pares.

    A resposta, diz, veio numa avalanche de e-mails tanto mandando-o para o inferno como elogiando por contestar algo pouco questionado.

    Artigos contra e a favor se multiplicaram, cartas de psicanalistas chegaram ao "Times" pedindo cuidado com generalizações e a lista de clientes do psicólogo que atende em Nova York e acaba de lançar "Be Fearless - Change Your Life in 28 Days" (Seja destemido - mude sua vida em 28 dias, que sai no Brasil no fim do ano) cresceu.

    Mas ele nega que ofereça solução mágica, como acusam os críticos que viram no artigo uma autopromoção.

    Sua defesa, diz, é de uma terapia que mostre resultado, em que paciente e analista tracem metas e que não sirva apenas "para desabafar".

    "Pela minha experiência, a maioria busca ajuda para questões menores e tratáveis: insatisfação no trabalho ou no relacionamento. Não é preciso anos de terapia para isso." Alpert conversou com a Folha por telefone.

    Folha - Qual tem sido a reação ao seu artigo? Crítica?

    Jonathan Alpert - Interessante. Recebi centenas de e-mails, muitos de ódio, inclusive de outros terapeutas, que me mandaram para o inferno. Mas para cada negativo vieram uns três positivos.

    Na manhã após a publicação, a secretária eletrônica do consultório tinha umas 20 ligações de gente que queria se tratar comigo. No fim da semana, mais 60 [ele atende 25 pacientes por semana].

    Qual era sua relação com os colegas antes do artigo?

    Dividida. Há outros terapeutas aqui que têm essa orientação mais comportamental como eu. E eles me apoiaram -recebi vários e-mails elogiando a coragem.

    Quando você diz que terapia de longa duração é pouco eficaz, você se refere aos casos de forma geral ou quer dizer que terapeutas ruins mantêm o paciente por muito tempo?

    O segundo caso. E meu argumento é que se você está na terapia e não está melhorando, você tem de sair. Há muita diferença entre se sentir bem e de fato melhorar. Eu costumo usar a analogia do cabeleireiro -se você vai e odeia o corte, vai voltar para quê? Se você vai à terapia semanalmente há anos e não vê nenhuma melhora, saia fora.

    Mas como medir se a psicoterapia é eficaz?

    O que eu faço, e muitos fazem, é definir metas desde o começo e monitorar o progresso. Se alguém com ansiedade social vem me ver, a meta é a pessoa se sentir confortável em um bar ou um encontro. Vamos trabalhando e vendo como ela se sai.

    Você já tratou alguém por mais do que 12 semanas?

    Sim, claro, há gente que eu trato por meses, e depois faço sessões de manutenção uma ou duas vezes por mês.

    Sempre com as metas?

    As pessoas podem ficar patinando na terapia. Você vai, desabafa e se sente bem por falar. Aí espera aquilo toda semana, mas isso não necessariamente faz você avançar em direção a um objetivo.

    E quando a terapia pode durar mais e ser boa?

    Alguns transtornos precisam de mais tempo para serem tratados, como estresse pós-traumático. E condições psiquiátricas ou psicológicas mais graves precisam não só de mais tratamento, mas também de manutenção.

    Não é o caso da ansiedade e da depressão leve, que levam a maioria ao consultório?
    Eu cito essas duas no artigo. As razões que levam mais gente ao consultório -ao meu, ao menos- são ansiedade, problemas na carreira, problemas no relacionamento e estresse. Nada disso precisa de anos para ser tratado.

    Mas qual deve ser o objetivo do terapeuta e do paciente? Um problema pontual pode ser resolvido em semanas, mas e a raiz? Se as circunstâncias mudarem na vida de um dos seus pacientes, os problemas não reaparecerão?
    Você tenta ensinar a pessoa a resolver o problema, para que possa lidar com ele no futuro caso reapareça. Mas há quem não seja bom nisso.

    Identificar o problema e dar ferramentas? Nada de discutir a infância...
    Às vezes é relevante. Mas eu não passo sessões incontáveis falando sobre a infância. Os pacientes reagem melhor quando olham para a frente.

    Como você percebeu que o tipo mais convencional de terapia não era o seu?

    No começo da minha carreira, eu tinha pacientes que me diziam que seu terapeuta anterior só sabia perguntar "como você se sente com isso?". Passavam anos assim, mesmo sem achar que funcionava. Eu escrevia uma coluna de jornal com pouco espaço e tinha de dar conselhos. Recebia cartas agradecendo pela ajuda e pensei que isso pudesse funcionar em terapia também. Identificar o problema e dar conselhos. A reação foi boa.

    E por que muitos continuam indo à terapia, sem avanço?

    Muita gente acha que psicoterapia é só para desabafar. Não sabe que dá trabalho, que muita coisa precisa ser feita fora do consultório.

    Falta informação?
    É. Tem uma ideia perpetuada por Hollywood. Se você perguntar para dez pessoas o que é psicoterapia, pode esperar que sete dirão que se trata de desabafar, se abrir.

    Qual o maior erro ao procurar um psicoterapeuta?

    Não sei, mas sei o que ajuda a achar um. Boca em boca é bom, se você se sentir confortável para perguntar a amigos ou conhecidos, porque há estigma ainda. Também dá certo perguntar ao seu médico.

    É preciso pesquisar. Telefonar, ao menos, a alguns terapeutas, falar com eles por uns dez, 15 minutos, para ter ideia do estilo, perguntar como ele trataria seu problema.

    Não há quem tenha medo de perguntar ou de cobrar soluções ao terapeuta? O mecanismo, afinal, tem duas partes...

    Verdade. Eu sempre digo a meus pacientes que nós dois temos de trabalhar duro e que ele precisa implementar os novos comportamentos fora do consultório. Se ele está esperando uma solução mágica, não vai acontecer.

    "O Segredo" fez sucesso.

    Acho que há pessoas procurando mágica. São preguiçosas. Se você puder acreditar que vai virar um milionário, é mais fácil do que arregaçar as mangas e dar duro.

    Terapia é para todos?

    Não. Não acho. Acho que a pessoa realmente tem de querer olhar para si mesma e mudar. Se não é um desperdício de tempo e de dinheiro.

    *Mas muitas vezes é posta como solução universal. *

    Algumas pessoas são narcisistas, egocêntricas, falar por uma hora e ser o centro das atenções as satisfaz.

    A crise econômica aumentou seu trabalho? Você participou de "Trabalho Interno" (documentário de 2010 premiado com o Oscar).

    Em 2008, eu comecei a receber cada vez mais pacientes de Wall Street, com problemas de ansiedade ligada ao trabalho. No fim do ano, foi um surto. Eram sobretudo homens, executivos, perdendo o emprego... O problema é que a identidade deles estava tão fundida com sua carreira que, quando eles perdiam o emprego, a vida deles perdia o sentido. Nunca queira se definir por sua carreira. 
    Melhorou?

    Acho que as pessoas se acostumaram.




    Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO- 07 DE MAIO DE 2012.