segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A internet e as relações humanas


Está quase no cotidiano de grande parte das pessoas o acesso à internet e, sobretudo, às páginas de relacionamento. Orkut e Facebook são os lugares mais vistos e acessados e onde se acredita que se tem a oportunidade de consolidar contatos e resgatar relações que se teve há muito tempo em nossas vidas. Ainda nos falta estudos e reflexões profundas sobre o impacto e os efeitos que toda essa novidade tem trazido e provocado na existência de muita gente, seja para o bem ou para o mal.
Os noticiários de jornais, TVs, revistas, etc, tem revelado fatos e acontecimentos geradores de problemas nos relacionamentos, desorganizando a vida pessoal e profissional, causando problemas inclusive no trabalho, em que envolvimentos fantasiosos são fontes até de situações violentas. O contato físico, presencial está em fase de abolição, sendo substituído pelo mundo virtual, onde se tem a ilusão de que as carências são ou serão satisfeitas.
É verdade que a tecnologia pode e deve ser usada a nosso favor, todavia, isso pode estar levando a perdermos aquele deleite e  prazer que uma boa conversa ao pé do ouvido ou face a face trazia.
O desenvolvimento urbano, as grandes cidades, as comunicações, as jornadas de trabalhos, a dessubstancialização dos valores e a ausência de perspectivas universais que nos guie parece que tem dificultado a construção de laços sólidos de convivência. Como dizia o filósofo Walter Benjamim, o homem atual volta à noite para sua casa extenuado por uma plêiade de acontecimentos - divertidos ou entediantes, insólitos ou comuns, atrozes ou prazerosos -, mas nem sempre ou quase nunca eles se convertem em algo que tem sentido.
Diante disso, o que nos sobra são relações humanas quase vazias, rápidas e vulneráveis. É claro que a internet não é causa de tudo isso, mas podemos considerá-la como a conseqüência de um mundo que a cada dia se liquefaz. Nesse mundo líquido as  relações se estabelecem com extraordinária fluidez, se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento.
Como diagnostica o sociólogo Zygmunt Bauman, as pessoas parecem não querer dividir o mesmo espaço, mas estabelecer momentos de convívio que preservem a sensação de liberdade, evitando o tédio e os conflitos da vida em comum. É como procurar um abrigo sem vontade de ocupá-lo por inteiro. Insatisfeitos, mas persistentes, homens e mulheres continuam perseguindo a chance de encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interação. Daí a popularidade dos pontos de encontros virtuais. Crescem as redes de interatividade mundiais onde a intimidade pode sempre escapar do risco de um comprometimento, porque nada impede o desligar-se. Para desconectar-se basta pressionar uma tecla; sem constrangimentos, sem lamúrias, e sem prejuízos.
Enfim, o amor e amizade passam a ser vivenciados de uma maneira mais insegura, com dúvidas e com temerária atração de se unir ao outro. Se nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, agora a questão que se coloca é saber ou nos perguntar o que virá no futuro. A pensar!