quinta-feira, 15 de agosto de 2013

REFLEXÕES SOBRE ÉTICA E EDUCAÇÃO



A ética tornou-se  na atualidade um assunto de profundos debates, repercutindo em amplas esferas da sociedade. Observamos que no campo da educação, em particular,  o tema dos valores tem ocupado uma grande parte das discussões e das propostas, trazendo-nos algumas questões que pretendem compreender os anseios e as expectativas que parcela significativa dos personagens – alunos e professores - querem ver realizadas ou respondidas na sala de aula.
Haveria um desejo no mundo contemporâneo em fazer brotar elementos propícios e respostas que possam colaborar nas decisões e no sentido que atribuímos às nossas formas de comportamento e de vida, enfim, à nossa própria existência. Por isso, muito se tem falado, escrito e debatido sobre ética e sua articulação com a educação.
Os desafios colocados hoje à humanidade demandam de cada um nós uma postura firme e comprometida, de tal maneira que se busque efetivamente responder às tensões e às crises herdadas do século passado. Porém, num outro aspecto dessa mesma crise, quanto mais conhecemos, quanto mais ampliamos e conquistamos novos saberes e construímos novos valores, adotando novas formas de conduta e de pensar, mais nos sentimos incomodados e insatisfeitos. A sensação é de desconforto e insegurança – e até de ignorância. Ninguém tem mais certeza e segurança sobre quais valores devem ser garantidos.
Se considerarmos a ética como uma possibilidade de aprofundar e compreender as inquietações que habitam o nosso tempo, a educação pode ser tomada como um campo privilegiado e fértil para reflexões dessa natureza. Como refletir a respeito de ética e moral, cidadania, direito e amizade a partir de um diagnóstico que indica a impossibilidade de justificarmos universalmente os valores que tomamos como parâmetros para nossas condutas? Se um dos objetivos da educação é garantir a formação ético-moral, que significado ainda poder ter o direito, a amizade, a justiça e a cidadania, num mundo cujo próprio ideal de humanidade é colocado em questão?
As ideias do filósofo alemão Immanuel Kant é bastante significativa sobre essas questões. Defendendo a ideia de que a perfeição da natureza humana é a finalidade que cada geração deve deixar como herança para as gerações futuras, considera que a educação deve ser de tal maneira que possa proporcionar o aperfeiçoamento da humanidade. Segundo ele, é entusiasmante pensar que a natureza humana será sempre melhor desenvolvida e aprimorada pela educação, abrindo a possibilidade para uma futura felicidade da espécie humana, tendo em consideração que  a natureza dispôs nos homens sementes de humanidade e nestas estão contidas o destino do homem. Cabe à educação cultivar essas sementes para que se desenvolvam bem e dê bons frutos.
Assim, o melhoramento da espécie humana, o seu aperfeiçoamento, pela educação, em direção ao bem, depende, para se desenvolver, do próprio homem. Como diz Kant, as disposições para o bem não estão prontas, não se desenvolvem por si mesmas - a felicidade ou a infelicidade humana dependem do próprio homem, cabe a ele desenvolvê-la. A educação, portanto, é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens.
Essa responsabilidade da educação, atribuída ao homem, decorre das conseqüências maléficas ou benéficas que podem provocar na vida das gerações futuras. Esta dimensão ética do processo educativo significa que os conhecimentos produzidos pela espécie humana devem ter como finalidade não apenas garantir como também desenvolver as disposições naturais do homem para a razão e para a liberdade.
         Enfim, a educação deve ter como princípio superar o estado presente. De nada valeria educar permanecendo nos limites das condutas do homem atual.  É preciso vislumbrar um estado melhor de vida para a humanidade, no futuro. Se o mundo é corrupto ou mentiroso, necessita-se de uma prática educativa que ultrapasse esse estado de coisas.

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