terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O QUE É O HOMEM?



Quando começa um novo ano sempre tendemos a considerar e a reconsiderar os planos e os projetos para o futuro, com a esperança de que as coisas vão melhorar. É intrínseco à condição humana desejar que os rumos da vida se aperfeiçoem em direção a um estado de felicidade universal. Ninguém em sã consciência, ou até sem ela, faria pedidos para que sua existência tornasse um mar de espinhos, com dores e sofrimentos.
No entanto, experimentamos em nosso cotidiano situações em que temos alegrias, sim, porém, também vivemos momentos terríveis: doenças, mortes de familiares, acidentes, crises, etc. Estamos sempre na berlinda, ou seja, a qualquer instante podemos ser atravessados por uma tragédia que nos atinge inesperadamente. Aquele ser forte, destemido, esperançoso, crente de que nada o derrubaria, é quase aniquilado. Na linguagem do boxe: vai à lona. Temos que contar até dez para conseguir se levantar, suportando e superando a dor.
Creia! Ser feliz todo tempo é somente para os deuses, e olhe lá!  Pois não sabemos como vive um deus. Aliás, alguém agüentaria conviver com uma pessoa alegre e sorridente vinte e quatro horas por dia? Nós, humanos, aqui na terra, somos desafiados a aprender a enfrentar as agruras e as calamidades pessoais, naturais e sociais de maneira destemida. É verdade que há momentos em que fraquejamos, revelando a nossa finitude. Estou dizendo tudo isso para chamar a atenção para duas coisas: primeiro, quem somos nós e, segundo, o que podemos querer da vida.
Etimologicamente, homem vem do latime homine, que advem de húmus, referindo ao chão, à terra, àquilo que é terrestre. Como se vê, estaríamos distante dos céus, e dos deuses, mas ligado ao pó. Componente da natureza, o homem é um ser limitado, incompleto e, a crer em Darwin, originário de um processo evolutivo da vida na terra que não se sabe, definitivamente, quando começou e muito menos quando vai se acabar. Ou seja, não dá para dizer que hoje é melhor do que ontem, e que amanhã será melhor do que hoje.
Todavia, aprendemos ou até mesmo agimos ao longo de nossa vida como se fôssemos ou pudéssemos ser senhor de nossa história. Essa seria a nossa diferença com os outros seres viventes. E essa distinção estaria fundada na nossa capacidade de raciocinar e agir inteligentemente. Ao contrário de certos animais, que já nascem prontos, isto é, já nascem sendo tudo aquilo que podem ser, o homem, por sua vez, é potência, campo aberto a ser cultivado. Estamos aí para sermos feitos e construídos.
Dito de outro modo, além de razão, somos dotados de vontade, ou seja, estamos aptos a escolhermos e decidirmos sobre o que queremos e desejamos para as nossas vidas. E aqui, nos parece, que está o nosso grande mistério.
Enfim, estamos diante de um desafio. Como conciliar um ser natural, racional e dotado de vontade, em prol de uma vida mais agradável a todos e não apenas a alguns? Seria possível? 

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