domingo, 12 de junho de 2011

Educação: entre a filosofia e a vida


         Hoje a educação no Brasil é objeto de discussão por vários setores da sociedade. No que se refere ao mundo acadêmico, sabemos que muitas idéias, teorias, propostas e práticas são formuladas, estudadas e defendidas. No entanto, problemas parecem não deixar de existir: violência, indisciplina, desvalorização dos profissionais, etc, são experiências que insistem em continuar habitando o universo educacional.
         Neste pequeno texto, quero apontar uma outra perspectiva, de maneira a contribuir para novas reflexões e, quiçá, nos tirar, amenizar ou nos levar ao limite do suportável, as angústias, as lamentações e, porque não, alimentar as esperanças que ainda insistem em permanecer nos rodeando.
         Para uma melhor compreensão do mundo da educação, penso que a Filosofia ainda continua sendo uma área de reflexão que oferece elementos bastante profundos para o enfrentamento das questões que surgem, por exemplo, na escola. Se filosofia significa, na sua origem, amor, respeito e amizade pelo saber, pelo conhecimento e a busca da sabedoria, de certa maneira a escola é um dos espaços privilegiados onde podemos fazer essa experiência. Nesse sentido, alunos e professores, sobretudo, devem estar irmanados e abertos ao propósito de pensar e agir de uma maneira nova, instigante e transgressora. E não aceitar e reclamar do presente como algo inevitável e intransponível.
         Se submeter aos desígnios de um mundo em que a vida humana tem sido constantemente abandonada em favor de uma racionalidade e de um controle tecnológico, consumista, político e financista - visando somente o lucro -, parece que nos tem conduzido a um quase sem-sentido da nossa própria existência. Talvez coubesse à escola, em especial, ser capaz de articular os seus princípios, objetivos e aspirações com o caráter plural, dilemático e passional das nossas vidas, reconhecendo e colocando-os como constituintes do nosso pensar e do nosso agir. 
         Nesse sentido, é entre a busca de reconciliações e/ou a garantia da manifestação das tensões vitais, que a educação poderia se ressituar. Se o sistema educacional, as práticas e as idéias pedagógicas atuais se revestem de desesperanças e desesperos, retomar o diálogo entre a filosofia e a vida é um caminho que pode ser trilhado no campo da educação, de forma a proporcionar um reflexionamento ético e político sobre a ação educativa, a atividade docente bem como a proposição de novos problemas ao ensino, inclusive da própria Filosofia.
         Somos seres tradicionalmente reconhecidos como temporais e pensantes, mas também somos desejantes e criativos. É esse conjunto de dimensões que deve ser levado em consideração num possível enfrentamento das alegrias, das tristezas, das cóleras, dos ódios e das compaixões que nos afeta e nos atravessa a todo instante, mas que nos proporciona um movimento de abertura ao surpreendente e ao inusitado que, impossível de ser narrado e traduzido numa linguagem, nos leva a modos novos de existir. É nessa fresta e nesse interstício que a filosofia e a vida se encontram para contribuir na construção de uma educação fiel ao que de mais humano há em nós: o humano, de húmus, que nos nutre de cores, imaginação, símbolos e possibilidades.

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